22
nov
2018

Área grande quanto a França pode ser derrubada na Amazônia

O governo de Bolsonaro pretende abrir a floresta amazônica para a desflorestação.

O governo de Bolsonaro pretende abrir a floresta amazônica para a desflorestação.

RIO DE JANEIRO/DN A futura ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, escolheu uma área tão grande quanto a França para ser derrubada depois da véspera de Ano Novo deste ano. Ela também planeja dar uma segunda chance às pessoas que cometeram crimes de desflorestação na Amazônia antes que elas sejam multadas por extração ilegal da floresta tropical.

A nomeação de Jair Bolsonaro da Tereza Cristina, de 64 anos, para o ministro da Agricultura não surpreende a muitos. Por quatro anos, ela foi presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) que incluia 245 congressistas. Entre outras coisas, ela tem lutado pela permissão do uso de nutrientes de planta cancerígenos anteriormente proibidos na agricultura, e é chamada de “Miss veneno” por amantes do meio ambiente.

Em entrevista ao jornal O Globo, a nova ministra da Agricultura confirma o que muitas pessoas já esperavam. O governo de Bolsonaro pretende abrir a floresta amazônica para a desflorestação. Tereza Cristina está particularmente interessada em uma área da Amazônia conhecida como Matopiba, que se estende entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. É nesta área que o Comitê Sueco de Crédito à Exportação tem sido criticado pelo grupo ambiental MIQCB pela emissão de créditos de milhões de dólares para uma fábrica de celulose brasileira que levou a cabo extensos desmatamentos na região. A área aberta para desflorestação será de 731.734 quilômetros quadrados e é maior que o território da França.

– Temos lá o Matopiba e é uma nova fronteira, diz Tereza Cristina ao jornal O Globo.

A ministra da Agricultura diz que a exploração madeireira deverá estar de acordo com a legislação do país, que permite 20 por cento de desflorestação do solo na Amazônia. Mas a legislação é fluida e em algumas áreas os agricultores podem desmatar até 80% e só precisam manter 20% da floresta. Muitos agricultores usam a falta de clareza da lei como desculpa quando criticados pela proteção ambiental, e dizem que eles não entendem a legislação. Os “mal entendidos” têm sido defendidos pela futura ministra da Agricultura.

– Antes de você ir ao campo e multar, é preciso explicar o que está acontecendo, dar uma notificação e, se depois ele incorrer de novo, haverá uma infração, diz Tereza Cristina.

Suas declarações levantam preocupações entre os ambientalistas no Brasil, que acreditam que ela vai escancarar as portas da Amazônia para a desflorestação. Ela também é acusada de proteger a agricultura industrial e de passar por cima dos direitos tradicionais à terra dos povos indígenas. No início deste ano, foi revelado que ela recebeu uma contribuição de campanha de um proprietário de terra que ordenou o assassinato do líder indígena Marcos Veron, assassinado há 15 anos. O proprietário de terra deu-lhe um cheque de 30 mil reais que ela usou para se eleger como congressista em 2014.

O que também joga uma sobra negra sobre a nova ministra da agricultura é o fato de ela ter feito parte do grupo de políticos que, em troca de subornos, dava benefícios fiscais à maior exportadora de carne bovina do Brasil, a JBS Friboi. Na época do crime, ela era secretária da agricultura no estado de Mato Grosso do Sul e trabalhava com o governador que agora está preso por suborno (André Puccinelli). Tereza Cristina diz que não sabe nada sobre os subornos e que não se corrompeu.

Tereza Cristina será nomeada Ministra da Agricultura no dia 1º de janeiro de 2019, em conexão com a instalação do nacionalista de direita, Jair Bolsonaro, como novo presidente do Brasil.

HENRIK BRANDÃO JÖNSSON/DAGENS NYHETER

Tradução: Vinicius Ribeiro

Artigo original aqui 

 

Leave a Reply